Punks paulistas
fazem história
O ano de 1982 é muito importante para a
história do movimento punk em São
Paulo e no Brasil. O selo independente Punk Rock lança o álbum Grito
Suburbano, primeiro registro sonoro com bandas punk (Inocentes, Cólera e Olho Seco) lançado no País. Em seguida,
lança também o compacto da Lixomania, Violência
e Sobrevivência. No mesmo ano, Redson, do Cólera, lança mais um álbum punk: a coletânea Sub, com Cólera, Psykóze e Fogo Cruzado. Ainda em 1982, são produzidos
dois documentários sobre o movimento punk
paulista: Garotos do Subúrbio, de Fernando
Meirelles, e Pânico em SP, de Mário
Dalcêndio Jr. No final do ano, é realizado o primeiro festival punk no País, com repercussão
internacional: o Festival O Começo do Fim
do Mundo, realizado no SESC-Pompeia.
CRONOLOGIA DO PUNK EM SP
1978-1979 –
Surgimento das primeiras bandas punk
em São Paulo: Restos de Nada, AI-5, Cólera, Olho Seco, Condutores de Cadáver e
Lixomania.
1980 – O
movimento punk se fortalece em São
Paulo e em outras cidades do País. Surgem novas bandas: Ratos de Porão, Psykóze
e Fogo Cruzado (SP), Hino Mortal, Garotos Podres e Ulster (ABC), Desordeiros e
Espermogramix (RJ), Aborto Elétrico e Blitx 64 (DF), Replicantes (RS) e Camisa
de Vênus (BA).
1981 – Show punk no Salão Beta da PUC-SP com bandas
de São Paulo e do ABC: Inocentes, Passeatas e Ulster.
1982 – O selo Punk Rock lança, em abril, o primeiro
álbum com bandas brasileiras: Grito
Suburbano, LP de 45rpm com 12 faixas de Inocentes, Cólera e Olho Seco. Em
setembro, o selo lança o primeiro disco punk
de apenas uma banda: o compacto triplo da Lixomania, Violência e Sobrevivência.
Em seguida, é
lançada a coletânea, SUB, pelo selo
Estúdios Vermelhos, do Redson (Cólera). O LP, de 24 faixas, inclui músicas do Cólera,
Psykóze e Fogo Cruzado.
No mesmo ano, são
produzidos dois documentários em vídeo sobre os Inocentes e os punks paulistas: Garotos do Subúrbio, dirigido por Fernando Meirelles e exibido no
MASP, e Pânico em SP, dirigido por
Mário Dalcêndio Jr.
Festival O Começo do Fim do Mundo
No
final de 1982, em 27 e 28 de novembro, é realizado o festival O Começo do Fim do Mundo, no SESC-Fábrica
da Pompeia (inaugurado em janeiro daquele ano).
Capa do LP O Começo do Fim do Mundo
O
evento foi organizado pelo escritor Antonio Bivar e pelo guitarrista Antônio
Carlos Calegari, dos Inocentes. Os dois dias do festival reuniram 20 bandas punks de São Paulo e do ABC e um público
de 3 mil pessoas. Terminou com invasão da Polícia Militar e dezenas de detidos.
1983 – Lançamento do álbum homônimo com as bandas
que se apresentaram no festival. A produção foi feita pelo selo New Face Records, de Fábio Sampaio (Olho
Seco).
Em maio de
1983, a Lixomania e mais sete bandas paulistas apresentam-se no Festival de
Punk Rock no Circo Voador (RJ). Em agosto, a Lixomania e outras bandas
participam do Festival de Rock de Juiz de Fora (MG).
Ainda em 1983,
são lançados os compactos Botas, Fuzis, Capacetes
(Olho Seco) e Miséria e Fome (Inocentes).
No mesmo ano,
os Inocentes são os personagens principais do vídeo de média-metragem Punks, dirigido por Sarah Yakni e
Alberto Gieco.
1984 –
Lançamento do álbum Crucificados Pelo
Sistema, do Ratos de Porão.
1985 –
Lançamento do álbum Tente Mudar o Amanhã,
do Cólera.
O legado do punk paulista
Muitas bandas de punk rock desapareceram (algumas sem
deixar qualquer vestígio) e outras continuaram restritas ao circuito
alternativo. O novo cenário musical passou a ser dominado pelas novas bandas de
Pop/Rock (Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Capital Inicial, Ultraje
a Rigor, etc). No entanto, a Lixomania e as bandas punks de SP já haviam deixado a sua mensagem. Pelo menos com
relação às letras, podemos perceber ecos do inconformismo e irreverência punk em músicas de sucesso como Inútil (Ultraje a Rigor), Polícia (Titãs), Que País É Este? (Legião Urbana), Veraneio, Vascaína (Capital Inicial) e Até Quando Esperar (Plebe Rude), entre outras.
(Texto extraído do livro “Miro de
Melo 30 anos de rock - trajetória musical do baterista do 365 e Lixomania” - Editora
Sinergia, 2013, escrito por Edson Luís Rosa)
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