quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Adiós, amigos!


Quando criei esse blog estava bastante animado com a possibilidade de escrever de forma mais constante e pensava nas várias ideias e histórias que poderia vir a compartilhar com alguns amigos e leitores. No entanto, passado um mês de minha última postagem, um grande amigo meu, Edson Burini, conhecido como "Edinho", veio a falecer vítima de traumatismo craniano após ser encontrado caído na beirada de uma rua próxima à sua casa, na Vila Maria (zona norte de São Paulo).

Eu conhecia Edinho há mais de vinte anos, ele foi casado com minha irmã e após a separação continuou sendo meu "irmão de som", companheiro de som desde os anos 80, com quem passei horas, dias, meses e anos ouvindo BeatlesPink FloydKraftwerkLou Reed, Velvet UndergroundRoxy MusicKing CrimsonFrank ZappaSisters of MercyDavid BowieTalking HeadsNick CaveDead Can Dance, etc. até o álbum "In Rainbows" do Radiohead...

A morte do Edinho me abalou profundamente, me deixou totalmente desmotivado para escrever qualquer coisa ou mesmo voltar a ouvir muitos desses sons novamente. Pela primeira vez na vida, senti verdadeiramente um "medo de música". Sabia que ouvir certas músicas de alguns desses artistas faria com que eu desabasse em lágrimas, envolto na tristeza, melancolia e desesperança. Fiquei meses procurando o silêncio sempre que possível, sem vontade de ouvir qualquer tipo de música. Aos poucos, voltei a ouvir um pouco de jazz blues, mas nada de rock. Cheguei a pensar em desistir de vez do rock, minha grande paixão desde adolescente, que agora me deixava triste e melancólico.


A vida segue rumos inesperados. Nem sempre depois da tempestade vem a bonança, como diz o ditado popular. Muitas vezes, depois de uma tempestade vem outra tempestade pior do que a anterior. Senti isso quando, no ano seguinte, em junho de 2010, outro "irmão de som", Nivaldo, também faleceu de complicações decorrentes de longos anos de consumo de bebida alcoólica e drogas.

Ele já fazia hemodiálise há alguns anos e foi vítima de um infarto antes de completar 52 anos. Nivaldo era meu compadre e grande amigo desde o início dos anos 70, quando começamos a curtir rock juntos. Isso significa quase quarenta anos! Com a sua morte, mais uma parte de mim também morreu e levou consigo boa parte de minha vivência e memória sobre o rock, desde as primeiras audições que fizemos juntos (Alice Cooper, Jimi Hendrix, Deep Purple, Black Sabbath, Uriah Heep, Ten Years After, Santana, Iggy Pop & The Stooges, Patti Smith, Television etc), os primeiros bailes e shows de rock que fomos, assim como os milhares de sons que curtimos nos anos 80 e 90, do metal ao punk (Judas Priest, Iron Maiden, Sex Pistols, Clash, Dead Kennedys, etc), do pós-punk ao gótico e funk metal (Joy Division, Bauhaus, Suicidal Tendencies, Primus, Body Count, Infectious Grooves, Ministry, Helmet etc), da banda que formamos no final dos anos 90 (Outsiders) até os últimos sons que ouvimos, dentre eles o álbum "The Weirdness", que marcou o retorno dos Stooges, uma de nossas bandas favoritas.

Quase um ano se passou...

Em 2011, uma semana antes de meu aniversário em 5 de abril, recebo com profunda tristeza a notícia de que meu amigo Joab, que conhecia há mais de sete anos e com quem formei a banda de rock Gooks em 2003, havia falecido vítima de hemorragia intestinal e cirrose aguda.

Joab conheceu Nivaldo e Edinho e, além do rock, tinha outra coisa em comum com eles: o alcoolismo. No caso de Joab, que morreu com apenas 41 anos, a bebida era acompanhada de um ingrediente a mais, a depressão. Ele era fã confesso de Ian Curtis e Kurt Cobain, respectivamente, cantores/compositores do Joy Division e Nirvana que praticaram o suicídio.

Quando formamos os Gooks em novembro de 2003, Joab já bebia bastante e chegava nos ensaios com garrafas de vinho. Até aí tudo bem. Porém, acho que, em 2008, ele disse que precisava fazer uma cirurgia, mas foi deixando de lado, eu perguntava sobre o assunto e ele não respondia. Parecia que tinha medo ou que não queria depender de médicos. Após  relutar, internou-se voluntariamente em uma instituição para tratar do alcoolismo e, depois de alguns meses, voltou a morar em Itaquera com os pais, ficando afastado dos amigos. Joab continuou bebendo dia após dia. Saiu da banda, perdeu o emprego e a namorada foi embora. Acabou se isolando. Fui visitá-lo algumas vezes, mas, para conseguirmos conversar, tinha de sair para beber com ele. Eu sempre telefonava, contudo, ele não se animava com meus convites para sair juntos nem com qualquer coisa... Em geral, também não retornava minhas ligações. Com isso, mais de um mês se passou desde a última vez em que eu o encontrara em um bar da Rua Augusta. Na ocasião, Joab estava muito pálido e inchado.


Quando recebi a notícia de sua morte não quis acreditar! Sentia que não tinha conseguido ajudar meu amigo. Em nossas últimas conversas, ele dizia que já estava morto! Os últimos sons que ouvimos juntos foram Johnny Cash, British Sea PowerThe Fall e Tim Maia. Também assistimos a um DVD do Roy Orbison e um outro com MudhoneyNirvana e outras bandas.


LISTEN TO THE SILENCE

Em um período de tempo muito curto (de 2009 a 2011), perdi três de meus maiores amigos, verdadeiros "irmãos de som", com os quais dividia a minha paixão pelo rock e pela música. Sem eles, tudo isso perdeu um pouco o sentido...


Agora, já faz cinco anos que meu amigo Joab partiu...

Vou sempre lembrar dessa festa de aniversário!

Imagens do arquivo pessoal de Mauro Paulino

AVISO

Amigos, em breve estarei retomando as atividades em meu blog. Muitos fatos ocorreram desde a última postagem que fiz, em novembro de 2009, e pretendo relatar um pouco disso nas próximas mensagens. Aguardem!